Orçamento de tesouraria: o que é e como elaborar

O orçamento de tesouraria é uma ferramenta essencial para antecipar fluxos financeiros, evitar ruturas de liquidez e tomar decisões informadas. Permite definir, com antecedência e para um período determinado, os principais marcos da gestão financeira da empresa. O objetivo é prever tudo o que é previsível e, acima de tudo, servir de guia, ajudando a manter o foco nas prioridades.

Neste guia, vai descobrir como elaborar um orçamento de tesouraria eficaz, quem deve fazê-lo e como esta prática pode transformar a saúde financeira do seu negócio.

O orçamento de tesouraria é um instrumento de planeamento financeiro que projeta, num determinado período, todas as entradas e saídas de dinheiro previstas para a empresa. Funciona como um mapa financeiro que permite antecipar necessidades de liquidez e identificar potenciais problemas antes que se tornem críticos.

Este documento estratégico permite à gestão:

• Prever o saldo disponível em cada momento;
• Identificar períodos de excedente ou défice de tesouraria;
• Planear investimentos ou financiamentos necessários;
• Tomar decisões informadas sobre pagamentos e cobranças.

Ao contrário de uma simples análise de contas, o orçamento de tesouraria foca-se nos movimentos reais de dinheiro, não nos valores contabilísticos. Isto significa que regista quando o dinheiro efetivamente entra ou sai da conta bancária, e não quando a fatura é emitida ou recebida.

O orçamento anual de tesouraria é elaborado para um período de 12 meses, geralmente dividido em períodos mensais ou trimestrais. Esta ferramenta permite uma visão estratégica de longo prazo dos fluxos financeiros da empresa.

Para as entidades públicas portuguesas, a elaboração do orçamento anual de tesouraria é obrigatória, conforme estabelecido na Lei de Enquadramento Orçamental. Este diploma legal define os princípios e regras aplicáveis à elaboração, aprovação e execução dos orçamentos do Estado.

Para empresas privadas, embora não seja obrigatório por lei, o orçamento anual de tesouraria representa uma boa prática de gestão financeira que pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso do negócio.

Embora frequentemente confundidos, o orçamento de tesouraria e o orçamento de caixa apresentam diferenças importantes na sua aplicação e objetivos. Compreender estas distinções é fundamental para escolher a ferramenta mais adequada às necessidades da sua empresa.

Na prática, ambas as ferramentas são complementares. O orçamento de tesouraria fornece a visão estratégica necessária para decisões de investimento e financiamento, enquanto o orçamento de caixa garante a gestão eficaz do dia a dia.

Elaborar um orçamento de tesouraria eficaz requer método e disciplina. Siga estes passos para criar um instrumento que realmente apoie a gestão financeira da sua empresa:

Comece por registar o saldo disponível no início do período. Este valor corresponde ao dinheiro efetivamente disponível nas contas da empresa, incluindo depósitos à ordem e aplicações de curto prazo facilmente mobilizáveis.

Liste todas as entradas de dinheiro previstas, organizadas por categorias:

• Recebimentos de clientes (considere prazos médios de pagamento);
• Vendas a pronto pagamento;
• Subsídios ou apoios esperados;
• Reembolsos fiscais;
• Rendimentos de aplicações financeiras.

Dica prática: baseie-se em dados históricos e ajuste conforme a sazonalidade do seu negócio. Para novos clientes, seja conservador nas estimativas.

Identifique todas as saídas de dinheiro previstas:

• Pagamentos a fornecedores;
• Salários e encargos sociais;
• Impostos (IVA, IRC, IRS);
• Rendas e utilities;
• Prestações de empréstimos;
• Investimentos planeados;
• Outras despesas operacionais.

Organize os pagamentos por data de vencimento para garantir que tem liquidez suficiente em cada momento.

Para cada período (mês ou trimestre), calcule:

• Saldo inicial + recebimentos - pagamentos = saldo final
• O saldo final de um período torna-se o saldo inicial do período seguinte

Este cálculo permite identificar períodos críticos onde pode haver falta de liquidez, possibilitando ações preventivas.

Mensalmente, compare os valores previstos com os valores reais executados. Esta análise permite:

• Identificar desvios significativos;
• Compreender as causas dos desvios;
• Ajustar previsões futuras;
• Melhorar a precisão do orçamento.

Um orçamento de tesouraria não é um documento estático. Deve ser revisto e atualizado regularmente para refletir a realidade do negócio.

O orçamento de tesouraria é recomendado para empresas de todos os portes e setores, desde trabalhadores independentes a grandes corporações. No entanto, é particularmente crítico para:

• Empresas em fase de crescimento: onde os investimentos são elevados e a gestão de liquidez é crítica;
• Negócios com sazonalidade: que enfrentam períodos de maior ou menor atividade;
• PMEs com margens apertadas: onde pequenos desvios podem causar problemas graves;
• Empresas com prazos de pagamento longos: que precisam gerir o desfasamento entre vendas e recebimentos;
• Entidades públicas: para as quais é obrigatório por lei.

Mesmo microempresas e trabalhadores independentes beneficiam desta ferramenta, ainda que numa versão simplificada. Conhecer antecipadamente as necessidades de liquidez evita surpresas desagradáveis e permite negociar melhores condições com fornecedores e bancos.

A elaboração do orçamento de tesouraria pode ser feita por diferentes profissionais, dependendo da dimensão e complexidade da empresa:

• Gestor ou empresário: em microempresas e pequenos negócios, o próprio titular pode elaborar o orçamento;
• Diretor financeiro (CFO): em empresas de média dimensão, esta responsabilidade cabe ao responsável financeiro;
• Tesouraria: em grandes empresas, existe frequentemente um profissional dedicado à gestão de tesouraria;
• Contabilista certificado: pode apoiar na elaboração e validação do orçamento, garantindo conformidade fiscal;
• Consultor financeiro: empresas podem recorrer a consultoria externa para estruturar o processo.

Independentemente de quem elabora, é fundamental que o responsável tenha:

• Conhecimento profundo do negócio e do setor;
• Acesso a dados financeiros históricos fiáveis;
• Capacidade de análise e previsão;
• Ferramentas adequadas para facilitar o processo.

Implementar um orçamento de tesouraria traz benefícios concretos e mensuráveis para a gestão empresarial:

• Antecipação de problemas: identifica com antecedência períodos de falta de liquidez, permitindo ações preventivas;
• Melhor negociação: conhecendo as necessidades futuras, pode negociar melhores condições com bancos e fornecedores;
• Otimização de recursos: permite aplicar excedentes temporários em investimentos de curto prazo;
• Redução de custos financeiros: evita recurso a descobertos bancários de última hora, que têm custos elevados;
• Tomada de decisão informada: fornece base sólida para decisões sobre investimentos, contratações ou expansão;
• Credibilidade junto de stakeholders: demonstra profissionalismo e controlo financeiro perante investidores e parceiros;
• Redução de stress: elimina surpresas desagradáveis e permite focar no crescimento do negócio.

A gestão manual de tesouraria é demorada e propensa a erros. A Qonto oferece ferramentas digitais que automatizam e simplificam todo o processo através de:

• Visão em tempo real: acompanhe o saldo e movimentos da conta a qualquer momento;
• Categorização automática: todas as transações são automaticamente categorizadas, facilitando a análise;
• Previsões inteligentes: com base no histórico, a plataforma ajuda a prever fluxos futuros;
• Alertas personalizados: receba notificações quando o saldo atinge níveis críticos;
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